Leilinha
Joined: 06 Aug 2010
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 Posted: 15 Sep 2010 11:04 Post subject: Crônicas da Taverna |   |
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Hoje uma moça aflita apareceu na taverna com um par de meias beges. Era uma nível 0 que tinha gastado suas economias num impulso de comprar a primeira (e única) peça de vestuário que havia no mercado.
Depois de perceber que acabara atrasando sua subida de nível, tentamos remediar com o que foi possivel. Pedi para sentar ao meu lado e comecei a rabiscar uns desenhos a partir da tal meia bege, para que a moça parasse de se lastimar e começasse a sonhar.
Fi-la prometer que não iria gastar mais com nada que não fosse alimentação e prometi ajudar no que pudesse. Ah, meias beges!! Como é dificil encontrar cores alegres que pudessem compor um look atraente...
A loirinha logo me disse que não gostava de cores fortes, como o vermelho. Foi um alívio. Depois de alguns rabiscos, tentei iluminar o conjunto a partir do branco.
 
A minha nova amiga gostou muito... Tentamos ainda colorir com amarelo e ciano, mas não deu certo. O melhor foi mesmo investir nas cores neutras. Não deu pra fugir do preto. Realmente é o básico. A cor que combina com tudo. Fiquei feliz quando finalmente vimos um visual que nos agradou bastante.
Combinou ate com o cabelo dourado dela. Joquebede me colocou numa posição de consultora de moda. E eu gostei muito, até porque gosto de combinar, criar, harmonizar...
A moda não é o simples uso das roupas no dia-a-dia. A moda é um fenómeno sócio-cultural que expressa os valores da sociedade – hábitos e costumes – numa determinada época.
Surgiu da necessidade que o homem da pré-história tinha de se proteger do frio. Mas a mera necessidade de se cobrir para combater o frio tornou-se num aspecto cultural. Determinou as diferenças entre ordens e mais tarde classes sociais. Cada ordem (e mais tarde classes) tinha o seu modo de vestir característico que a distinguia.
Por outras palavras “a moda transmite aos outros quem somos” mesmo nos dias de hoje. Se as roupas são muito coloridas, provavelmente estaremos tratando com alguém alégre, se as roupas são somente neutras, de certeza alguém que prefere não aparecer tanto. Se as roupas não combinam, alguém que não tem muito senso de observação. Vestidos, capas, colarinhos, botas, são também sinais de status social. Se nao forem harmônicos ao olhar, estragam seu primeiro cartão de visita:a presença.
É uma questão de coerência: que nobre desejaria passar sinal de opulência calçando meros sapatos? Que camponesa seria simples usando corselete? O vermelho que diziam pertencer apenas aos nobres hoje se popularizou e pertence a todos. Uma vitória da moda, sem dúvida, mas que isso não seja indício de um relaxamento na composição visual. No meu cantinho, sentada na taverna, ainda pretendo analisar as vestes de algumas personalidades do reino para uma próxima crônica. Antes, porém, só um lembrete: Melhor que a moda, mais fino que as roupas, a ATITUDE é essencial. Quem não prefere conversar com uma pessoa que, apesar de estar com os pés no chão e vestida de trapos, saiba utilizar bem termos como " com licença", "por favor" e "desculpe-me"? É para refletir. 
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"O juizo passou longe
mas fica aqui o coração" (by Tio Cielo)
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